Menos plástico, mais vida

Marcio Nunes

O meio ambiente conquistou uma grande vitória na última semana. A Organização das Nações Unidas (ONU) aceitou iniciar as negociações para o primeiro acordo global contra a poluição plástica, iniciativa histórica na luta pela preservação da biodiversidade.

A Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente (ANUE), o máximo órgão internacional sobre o assunto, reunido na capital queniana de Nairóbi, criou um Comitê Intergovernamental de Negociação encarregado de preparar um texto juridicamente vinculativo até 2024.

O documento foi aprovado por Chefes de Estado, ministros e ministras do Meio Ambiente e outros representantes de 175 nações.

Essa decisão, histórica, representa o maior avanço ambiental desde o acordo de Paris para combater o aquecimento global, em 2015.

O texto deve estabelecer uma agenda muito ampla e os negociadores vão focar, por exemplo, no ciclo de vida completo do plástico – ou seja, os impactos de sua produção, uso, descarte e reciclagem.

Implicitamente, podem existir medidas de limitação, em um momento em que cada vez mais países do mundo proíbem os sacos de plástico descartáveis, bem como outros produtos descartáveis.

O tratado também prevê a negociação de metas globais em números com medidas que podem ser obrigatórias ou voluntárias, mecanismos de controle, o desenvolvimento de planos de ação nacionais levando em conta as especificidades dos diferentes países e um sistema de ajuda aos países pobres.  Diz respeito a todas as formas de poluição terrestre ou marinha, incluindo microplásticos.

As negociações devem começar já no segundo semestre de 2022 e estarão abertas a todos os países-membros da ONU.

O compromisso expresso por grandes multinacionais, inclusive algumas que utilizam embalagens plásticas em grande escala, em favor de um tratado que estabeleça regras comuns reforça o otimismo mundial.

O texto futuro deve dar visibilidade às regras sobre embalagens plásticas de grandes multinacionais e evitar distorções na concorrência de uma indústria que movimenta bilhões de dólares.

Dos cerca de 460 milhões de toneladas de plásticos produzidos em 2019 em todo o mundo, menos de 10% são atualmente reciclados e 22% foram abandonados em aterros sanitários improvisados, queimados ao ar livre ou despejados no meio da natureza, de acordo com as últimas estimativas da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

Estamos em um momento de mudança histórica, e as decisões tomadas esta semana podem impedir que a poluição plástica contribua para o colapso do ecossistema do nosso planeta no futuro!

Enquanto isso, cada um de nós pode começar a fazer a sua parte. Use garrafas e canecas reutilizáveis ao invés de recipientes plásticos; quando for às compras, utilize sacolas retornáveis; diga não aos canudinhos de plástico e evite embalagens descartáveis de maneira geral.

* Marcio Nunes é secretário do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo do Paraná