A venda das ações da Copel e seus impactos

Marcio Nunes
A reestruturação e o início da desestatização do Setor Elétrico começaram há mais de 25 anos, no governo Fernando Henrique Cardoso, em 1995 – quando o Congresso Nacional aprovou a Lei Geral de Concessões.

De lá pra cá, União e governos estaduais privatizaram dezenas de companhias elétricas pelo país – Light, CESP, Eletropaulo, CPFL, Cemig (MG), Coelce (CE), Coelba (BA), dentre outras.
Foi uma adequação necessária para poder sobreviver em um ambiente de acirrada competição. Vários estudos comprovam que esse processo resultou em ganho de produtividade para as companhias: houve aumento da rentabilidade, da eficiência operacional, dos investimentos, das vendas reais, da distribuição de dividendos.
Aqui no Paraná, estamos atrasados nesse processo em duas décadas.

Mas o modelo proposto agora pelo governador Ratinho Junior para a Copel – conforme divulgado ontem pela companhia em fato relevante ao mercado – é particularmente interessante porque, mesmo com um menor número de ações em suas mãos, o estado permanece como majoritário, mantendo a maioria no Conselho de Administração e com o poder de veto. O nome da empresa também deverá necessariamente ser mantido, bem como sua sede em Curitiba.

Da mesma forma, a operação garante a manutenção dos programas sociais da Copel e não terá nenhum impacto na tarifa para os consumidores.
O mercado recebeu com bons olhos a notícia. Os papéis da Copel dispararam ontem e registraram a maior alta do Ibovespa: à tarde, as ações PNB da companhia disparavam 21,79%, para R$ 8,72,
Claro, a nossa Copel não serve para atender o mercado, mas sim a todos os paranaenses. O que importa é que a empresa continuará a cumprir seu papel social, mas com maior capacidade de investimento e competitividade. E que o Estado receberá recursos importantes, numa época de baixa na arrecadação –até por conta da queda no ICMS dos combustíveis, que já está refletindo nos cofres públicos. Esses recursos serão fundamentais para o andamento dos projetos do governo do Paraná.
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O PARANÁ NA COP27
O encontro climático mundial de 2022 decepcionou em relação à pouca ambição nas metas de redução de emissões de gases-estufa e de uso de combustíveis fósseis. Por outro lado, o surpreendente avanço para financiar reparações por perdas e danos climáticos em países em desenvolvimento e mais vulneráveis é motivo para celebração.
Já o Paraná traz na bagagem bons resultados:

• O estado apresentou seu potencial para Hidrogênio Verde.
• Assumiu compromissos para o Clima do Codesul e oficializou participação do 1° Fórum de Mudanças Climáticas do Codesul.
• Adesão oficial à Declaração de Rabat-Salet-Quenitra.
• Participação no Consórcio dos Governadores pelo Clima.
• Reunião do Codesul para monitoramento de carbono.
• Reunião com o Fundo de Quebec para investimentos em descarbonização.
• Construção de compromisso para evento sul-americano de conservação no Paraná.
• Reuniões bilaterais para projetos de descarbonizacao no transporte.
• Reuniões com os demais estados brasileiros presentes, atual e futuro governo federal e instituições presentes.
O Paraná segue firme em seus esforços para se manter como o estado mais sustentável do Brasil.
Marcio Nunes é deputado estadual e ex-secretário do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo do Paraná