Um ano depois, mata ainda espera recuperação em Cianorte
Um ano depois dos incêndios que devastaram áreas próximas ao Parque Municipal Cinturão Verde, em Cianorte, a mata continua marcada pelos efeitos do fogo. O município aguarda a aprovação do Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD), protocolado no Instituto Água e Terra (IAT), para iniciar as ações de reflorestamento e restauração do solo.
Os incêndios, registrados entre 18 e 23 de agosto de 2024, atingiram cerca de 450 mil metros quadrados. Segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, 84% da área queimada corresponde a propriedades particulares, classificadas como Áreas de Preservação Permanente (APPs) e Reservas Legais. Outros 26,65 hectares eram de domínio municipal. Desse total, 21,02 hectares integram legalmente o Parque Cinturão Verde, mas ainda não estão registrados no Cadastro Estadual de Unidades de Conservação (CEUC).
Na época, a fumaça obrigou o fechamento de uma unidade básica de saúde e suspendeu as aulas em uma escola próxima. Um centro municipal de educação infantil foi orientado a não receber alunos. As chamas também afetaram a fauna local. Animais feridos, como um gambá e um quati, precisaram de atendimento especializado.
A secretária de Meio Ambiente de Cianorte, Daniella de Cássia Silva Carraro Parreiras, informou que o plano de recuperação passou por ajustes técnicos exigidos pelo IAT e segue em análise. “Estamos preparados para iniciar o plantio, mas só podemos agir após a aprovação. Até o momento, não houve replantio”, afirmou.
O cenário atual mostra pouca regeneração natural. Espécies rasteiras cobrem parte da área, permitindo algum retorno da fauna silvestre, mas ainda não há sinais consistentes de recomposição da vegetação nativa. “O solo precisa de correção e preparo adequado para garantir o desenvolvimento das mudas que serão introduzidas”, explicou a secretaria.
Enquanto espera autorização para iniciar a restauração, o município reforçou medidas preventivas contra novos incêndios. Aceiros vêm sendo abertos com frequência. Hidrantes foram instalados em pontos estratégicos, câmeras monitoram áreas de risco e um comitê de crise foi criado para integrar forças de combate ao fogo. O grupo reúne bombeiros, polícia ambiental, sindicato rural, secretarias municipais, Sanepar e o próprio IAT.
A brigada municipal, já existente na época do incêndio, ganhou reforço em treinamentos. Escolas e institutos também passaram a receber ações de educação ambiental. Empresas locais, como os grupos PL e Lavinorte, doaram sete toneladas de calcário para ajudar na recuperação do solo, corrigindo o pH e acelerando o reflorestamento.
Apesar dos esforços, não há previsão de quando a mata atingida estará totalmente recuperada. Especialistas explicam que o tempo de regeneração varia conforme a intensidade do fogo, a qualidade do solo, a presença de sementes viáveis e o regime de chuvas. A perda de biodiversidade e a ação humana também influenciam o processo.
Em agosto de 2024, o 8º Subgrupamento de Bombeiros Independente registrou 56 ocorrências de incêndio em Cianorte, mais que o dobro do ano anterior. Aumento de 115%.

