COP30: Itaipu levará experiência em recuperação de ecossistemas

A Itaipu Binacional levará para a COP30, em novembro, em Belém (PA), a sua experiência de mais de quatro décadas na regeneração da Mata Atlântica, na região de fronteira entre o Brasil e o Paraguai. Atualmente, a empresa preserva mais de 100 mil hectares desse bioma em ambos os países, reconhecido pela Unesco como área núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica.

Somente no Brasil, são 40 mil hectares, a maior parte deles recuperados. “Quando da implantação da Itaipu, uma porção considerável do território na margem brasileira já estava ocupada pela agropecuária. Por isso, foi necessário um trabalho gradual de restauração da cobertura florestal para se atingir o resultado esperado: a formação de um cinturão verde para proteção do reservatório”, explicou a engenheira florestal Veridiana da Costa Pereira, gerente da Divisão de Áreas Protegidas da Itaipu.

Desde 1979, a Itaipu plantou na faixa de proteção do reservatório e demais áreas protegidas mais de 24 milhões de árvores, em um dos processos mais longevos de restauração do País. Esse trabalho se estendeu também à bacia hidrográfica. Um estudo premiado pelo MapBiomas em 2024, realizado pela Universidade Federal do ABC em parceria com a Itaipu e o Itaipu Parquetec, constatou a restauração de 73 mil hectares na bacia do Rio Paraná Parte 3, no oeste paranaense, ampliando a conectividade da paisagem.

Para apoiar essa ação, a empresa mantém viveiros de espécies nativas. Um deles, no Refúgio Biológico Bela Vista, em Foz do Iguaçu (PR), produz cerca de 350 mil mudas por ano, utilizadas tanto na manutenção das áreas protegidas como em doações para municípios do Paraná e do Mato Grosso do Sul.

Segundo Veridiana, as áreas protegidas da Itaipu formam uma infraestrutura verde que protege o reservatório do assoreamento, prolongando sua vida útil, atualmente estimada em 194 anos. “Mais do que a conservação da Mata Atlântica, as áreas protegidas da Itaipu geram serviços ecossistêmicos que beneficiam comunidades rurais e urbanas, além de conectar importantes unidades de conservação como o Parque Nacional do Iguaçu e o Parque Nacional de Ilha Grande”, afirmou.

A faixa de proteção do reservatório tem extensão de 2,9 mil km no Brasil e no Paraguai, com 208 m de largura, em média – Foto: William Brisida/Itaipu Binacional

Essas áreas também abrigam estudos em parceria com universidades e instituições de pesquisa sobre restauração florestal, conservação da fauna, interações ecológicas e balanço de carbono.

Conforme o diretor-geral brasileiro da Itaipu, Enio Verri, a experiência ambiental da empresa contém lições valiosas no enfrentamento das mudanças climáticas. “Essa infraestrutura verde que Itaipu construiu comprova o nexo entre preservação das florestas e a conservação dos recursos hídricos. Toda a pesquisa e monitoramento que a empresa faz demonstra que a biodiversidade contribui para a conservação da água e, portanto, para ter mais resiliência à mudança do clima”, disse.

Estratégia brasileira

A biodiversidade está entre os principais temas da COP30 e integra a estratégia do governo do Brasil contra a mudança climática. O país se comprometeu a eliminar o desmatamento até 2030 e lançou o Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg), para regeneração de 12 milhões de hectares.

Além disso, o Brasil foi o primeiro a se comprometer com investimento de US$ 1 bilhão no Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), iniciativa liderada pelo governo brasileiro desde a COP28.