Não vote em Requião, diz Pessuti

A declaração mais forte desta campanha foi do ex-governador Orlando Pessuti (PMDB), na noite de segunda-feira (29) no programa eleitoral, num alerta aos paranaenses: “não vote em Requião”. O recado direto desnorteou o senador Roberto Requião (PMDB) que mobilizou seus aliados no partido e pediu a expulsão de Pessuti do PMDB.

“Apenas manifestei meu desacordo com a candidatura do Requião e cumpri meu papel de cidadão, disse o ex-governador que não vê na sua manifestação qualquer desrespeito ao código de ética do partido.

No programa eleitoral, Pessuti usou o espaço para “fazer um alerta”. “Eleição com Requião sempre tem armação. Assim como Mário Pereira (ex-governador do Paraná), eu também fui vice de Requião, sempre que tínhamos opiniões contrárias às dele, nós, nossas famílias e nossos amigos éramos insultados e agredidos. Portanto, peço a você que está nos assistindo, não vote em Requião.

É isso mesmo, não vote em Requião! Porque para ganhar a eleição ele (Requião) é capaz de tudo, mentir, criar falsos personagens, fazer promessas mirabolantes que nunca cumpre e, principalmente, tentar confundir o eleitor com propagandas como essa que vai começar daqui a pouco”, disse Pessuti.

O ex-governador lembra de dois casos emblemáticos das “armações” de Requião. A mais famosa foi a do Ferreirinha, no segundo turno da campanha eleitoral de 1990, personagem que dizia matar a mando de um adversário de Requião. Depois, descobriu-se que nada mais foi que uma invenção, o matador nunca existiu, mas garantiu a primeira eleição de Requião no Governo do Estado.

Outro blefe famoso foi o “baixa ou acaba”, em 2002, em relação às tarifas do pedágio. A tarifa do pedágio não só não abaixou como aumentou durante os oito anos (2003-2010) no Paraná e, além disso, soube-se agora que Requião assinou aditivos com as concessionárias, liberando-as de obras importantes nas rodovias e repassou ainda, mais de R$ 23 milhões, sem licitação, para ONG ligada à a amigos para fiscalizar o pedágio no Paraná.

Contra Requião

“Minha manifestação foi apenas contra o candidato Requião. Não feri o que foi deliberado na convenção nacional do PMDB, que permitiu que o partido apoiasse nos estados, candidatos que não estão alinhados com a candidatura nacional do partido, como na Bahia, em que o partido apoia Aécio e no Rio Grande do Sul, que o PMDB apoia Marina”, disse Pessuti ao pedido de Requião para expulsá-lo.

Já a dissidência do PMDB, que apoia Pessuti, resolveu reagir de forma contundente e lançou já na terça-feira (30) o movimento “Volta Pessuti, Fora Requião”. “Se alguém está sobrando no partido é o Requião, que provavelmente vai perder já no primeiro turno, causando uma série de prejuízos ao partido”, disse Doático Santos, secretário-geral do PMDB de Curitiba, um dos líderes da dissidência.

Ainda, segundo Doático, o movimento já conta com um terço das assinaturas dos membros do diretório estadual, que segundo o estatuto do partido, é o suficiente para convocar uma reunião extraordinária do diretório.

Essa reunião pretende anular a reunião extraordinária anterior convocado pelo Requião, restabelecendo o deputado Osmar Serraglio como presidente estadual do PMDB, e Pessuti como secretário-geral. “Estamos articulando um grande número de filiados do PMDB, para prestar solidariedade ao Pessuti, que fez muito mais pelo partido, e teve uma atuação mais importante que Requião”, completou Doático.

PMDB para todos

“Acho lamentável o que está acontecendo com o PMDB. A executiva e o atual diretório foram eleitos, de forma democrática, em convenção. E esse intervencionismo, que resulto até em demissão de funcionários do partido, não contribui em nada na construção do PMDB. É um desrespeito ao partido e aos peemedebistas”, disse Pessuti sobre o atual imbróglio no partido.

O ex-governador adianta que, passado o processo eleitoral, o partido retomará sua “vida normal” e as divergências serão superadas. “Estamos construído um PMDB de todos e para todos. O resultado das urnas vai apontar esse norte para um partido pluralista e sem personalismo. O PMDB não pode se apequenar à mesquinhez e picuinhas. Estamos trabalhando para um PMDB grande, apesar dos problemas que enfrentamos, agora, momentaneamente”, disse.