Paraná poderá colher 19 milhões de toneladas de soja, a maior da história

A intensificação da colheita de soja está revelando produtividades surpreendentes no Paraná e a Secretaria estadual da Agricultura e Abastecimento reavaliou a expectativa de produção para a soja, da safra 2016/17. A previsão de safra recorde, que apontava para uma colheita de 18,3 milhões de toneladas, foi estendida para 18,6 milhões de toneladas, com potencial de superar os 19 milhões, volume nunca antes colhido no Estado. 

Com essa reavaliação para a soja, o Departamento de Economia Rural (Deral) estima uma colheita de 23,6 milhões de toneladas de grãos para a safra de verão (soja, milho e feijão), volume 16% acima do ano passado, quando foram colhidos 20,25 milhões no mesmo período. 

Para o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, essa expectativa de produção é excepcional, baseada no aumento da produtividade em função de um clima extremamente favorável e aplicação de tecnologia por parte do produtor. 

Segundo ele, o clima, com um inverno mais rigoroso, no ano passado, contribuiu para a redução de pragas e doenças para quase todas as culturas este ano. E com a regularização do clima no período de colheita, o rendimento está acima da média. O diretor do Deral, Francisco Simioni, disse que a supersafra de grãos que está sendo colhida no Paraná continua oferecendo oportunidades de bons negócios aos produtores, muito embora neste mês os preços do milho e da soja tenham sofrido pequenas baixas, influenciados principalmente pela desvalorização do Dólar frente ao Real. 

Simioni ressalta que se de um lado os produtores estão de olho nas cotações e evoluções do mercado, de outro estão os consumidores, na expectativa de preços mais baixos para os derivados de milho e soja, pois com a tendência de preços menores no mercado externo, a dependência do mercado interno aumenta. 

A produtividade melhor que vem se configurando nesta safra é um fator muito positivo e vai colaborar para diminuir os impactos dos preços mais baixos devido a supersafra e o real mais valorizado, ou seja, os ganhos de produtividade devem funcionar como um amortecedor para atenuar o impacto das cotações menores, acrescentou Simioni. 

 

SOJA

Segundo o Deral, a expectativa atual de produção aponta para uma colheita de 18,6 milhões de toneladas, 300 mil toneladas acima da expectativa divulgada no mês passado. Foi plantada uma área de 5,25 milhões de hectares e cerca de 31% dessa área já foi colhida. 

De acordo com o técnico Edmar Gervásio, a média de produtividade da soja nas áreas já colhidas é de 3,6 mil quilos por hectare, cerca de 13% acima do ano passado, que corresponde a um aumento de 100 quilos por hectare na média de colheita registrada na safra anterior. 

Mas tem áreas onde a colheita revela produtividade acima da média. Segundo Gervásio, em Cascavel, onde já foi colhida 56% da área plantada, a média obtida está em torno de 3,7 mil quilos por hectare. Em Campo Mourão, a maior região produtora de soja, também está com essa mesma produtividade. 

O engenheiro agrônomo do Deral, Carlos Hugo Godinho, afirma que a produtividade de soja no Paraná pode surpreender ainda mais, à medida que a colheita avançar para outras regiões do Estado. 

Já a comercialização não está acompanhando o ritmo do avanço da produtividade. Este ano, os produtores venderam cerca de 19% da safra neste mês de fevereiro, que correspondem a metade do ano passado, quando foram vendidos 41% da produção. 

Segundo Gervásio, o produtor está segurando a comercialização, esperando reação nos preços. Atualmente, o preço da soja oscila entre R$ 63,00 a R$ 65,00 a saca nas várias regiões do Estado, mas o produtor tem a expectativa de reação para cerca de R$ 70,00 a saca como estava no ano passado.