Defensoria capacita profissionais para atuar no combate à violência doméstica

A equipe multidisciplinar da Defensoria Pública em Cianorte, no Noroeste do estado, iniciou nas últimas semanas uma série de palestras e debates com o objetivo de capacitar profissionais de várias instituições públicas da cidade para lidar com a questão da violência doméstica contra a mulher, especialmente com os agressores.

A iniciativa visa a preparar esses profissionais para a implantação de um projeto intersetorial que deve ter início em fevereiro de 2017, no qual os agressores vão passar por reuniões coletivas de orientação, que vão ensiná-los a lidar com os conflitos de maneira não violenta. O defensor público Thiago Magalhães Machado e a psicóloga Aline Hoepers integraram a equipe da DPPR que promoveu as capacitações.

No próximo ano, com o início do projeto, um trabalho de orientação em grupo com os autores de violência doméstica será implementado. As reuniões, as quais eles terão de participar, substituirão outras penas cabíveis por conta da agressão, inclusive a de prisão em regime fechado. Profissionais das áreas de Serviço Social, Psicologia e Direito da Defensoria Pública do Paraná, Ministério Público Estadual, Delegacia da Mulher, Ouvidoria da Mulher, Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e Serviço Auxiliar da Infância e Juventude (SAIJ) vão participar da ação.

Cada grupo de agressores passará por quatro encontros em que serão abordadas temáticas diversas, tais como: raízes históricas da violência doméstica contra a mulher; tipificação da violência doméstica contra a mulher; violação de direitos humanos; transtornos mentais e uso de substâncias psicoativas como potencializadores da violência; desconstrução de estereótipos de gênero e poder; entre vários outros assuntos.

Atuar com os autores de violência doméstica contra a mulher, num viés de orientação e sensibilização, nos permite criar um espaço de informação e acolhida que fomente a reflexão sobre outras formas de lidar com conflitos, que não por meio da violência. Além disso, a efetivação de ações como esta contribui com a construção de estratégias que rompem com padrões de comportamentos violentos e favorecem a reconstrução de vínculos saudáveis, explica a psicóloga Aline Hoepers. Segundo ela, o projeto acaba colocando os autores da violência como participantes ativos do processo de superação da própria violência, através da responsabilização do autor da violência ao invés de sua mera culpabilização.

APOIO ÀS VÍTIMAS

A sede da Defensoria Pública do Paraná em Cianorte também desenvolve um projeto pioneiro de acolhimento às mulheres vítimas de violência doméstica. Através de encontros quinzenais, na sede da própria Defensoria, um grupo de mulheres com idades entre 18 e 80 anos, de classes sociais e níveis de escolaridade diversos, se reúne para conversar e receber orientações e acompanhamento psicossocial com o objetivo de retomar o rumo da própria vida.