Em uma década, cultivo de café reduz 65% em Cianorte

 

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Colheita mecânica do grão vista como alternativa de mão de obra é inviável para a região, devido tamanho das propriedades, diz economista do Deral

A cultura do café que já foi considerada moeda de troca, cobiçada por produtores paranaenses e principalmente do Noroeste – reconhecida no auge da cafeicultura com a região mais produtora do país – agora caminha à beira da extinção. Ainda resistente em pequenas propriedades, a área do cultivo do grão teve um redução de 65% em Cianorte, na última década. Isso é o que mostra um levantamento realizado pelo Departamento de Economia Rural, o Deral, do Escritório Regional da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná.

 

O comparativo traz dados da safra de 2004 a 2014. Em dez anos, a área que era de 3.308 mil hectares, caiu para 1.178 mil ha. Consequentemente, a produção regional que era de 3,3 mil toneladas, agora nem se quer chega a uma mil ton. Na colheita passada, por exemplo, o Deral reconheceu uma produção de 612 toneladas, e embora o clima tenha sido um grande aliado da cultura no atual ciclo, as previsões para 2015 são de no máximo 970 ton.

Existem três fatores de peso que influenciaram para esta redução expressiva. Mercado e preço, mão de obra, e dificuldade em sistematizar a colheita mecânica na região, explicou o economista do Deral – Cianorte, Fábio Borges Camargo.

O primeiro fator, mercado e preço, segundo o especialista, foi o mais importante de todos. Para Camargo, o custo da produção do café atualmente está equiparado à média de lucro. Além do preço baixo; hoje com um quilo renda em R$ 5,47, o mercado não ajuda. É um produto em desvalorização. A cultura se tornou arriscada para os produtores, argumentou o técnico.

Além do preço desmotivador, a falta de mão de obra encontrada na região é outro empecilho. De acordo com o economista, muitos produtores sentem dificuldades em contratar trabalhadores. E sem recursos suficientes para implantar a mecanização na lavoura, a colheita manual se torna a única alternativa. Temos dois pontos aqui. O primeiro é o desinteresse pelo trabalho no campo da atual geração. E a inviabilidade da colheita mecânica, destacou.

Camargo explicou que a colheita mecanizada em Cianorte é considerada inviável pelo fato de que são propriedades pequenas, com áreas reduzidas. Logo, a aquisição de maquinário para realizar o processo acaba por não ser vantajosa. Em termos de custo benefício não é indicado. Ao analisar os dados, o economista concluiu que, se as condições continuarem como tais, a tendência é que a cultura, na região, fique apenas nas lembranças dos anos do ouro verde.

SAFRA 2015

A Secretaria de Agricultura estima que mais de 50% dos 1.017 mil hectares de café cultivados na região estejam colhidos. A Seab considera colhido, o grão tirado do pé, e que já esteja no processo de secagem. A Cocamar, por vez, disse já ter recebido pouco mais de 30% da produção regional. Cianorte hoje é o maior produtor de café na região, com uma expectativa de colher, sozinho, mais de 500 toneladas da cultura, sendo que, a estimativa atual da colheita regional é de 970 ton.