Produtores de mandioca fazem ‘tratoraço’ contra preço da indústria

 

Weslle Montanher/Tribuna de Cianorte

Produtores querem que indústria aumente preço

Sem acordo com as farinheiras e fecularias, produtores de mandioca de Cianorte, São Lourenço, Cidade Gaúcha e Terra Boa realizaram na sexta-feira (27) um ‘tratoraço’ para mostrar insatisfação com o preço comercializado hoje pela indústria. Mais de 80 mandiocultores interromperam a colheita no meio-noroeste e garantem não entregar o produto até que o valor mínimo seja revisto pela fecularias e farinheiras. O ‘tratoraço’ reuniu cerca de 20 tratores, que saíram de Cianorte, no trevo da PR-323 com a Avenida Maranhão, onde a manifestação aconteceu durante toda a semana, até Terra Boa.

 

O motivo de seguir até Terra Boa se dá ao fato de que soubemos que a indústria de lá tem moído a mandioca. E enquanto o preço não for reajustado, vamos bloquear a entrega da raiz, explicou Alex Gavioli, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Cianorte e Região e representante dos produtores no manifesto.

Durante a toda a semana os mandiocultores realizaram manifestações pacificas às margens das rodovias entre pontos estratégicos da região – na PR-323, em Cianorte, em São Lourenço e também em Cidade Gaúcha. A ordem era de bloquear a pista, caso algum caminhão carregado com mandioca aparecesse, o trânsito seria bloqueado.

No início da semana a reportagem da Tribuna conversou com produtores que aderiram ao protesto. Filho de um produtor e mandiocultor, Flávio Mangabeira disse à reportagem que nos últimos anos, enquanto o produto industrializado teve valorização de mercado, a raiz estagnou. Segundo ele, para produzir uma tonelada, o produtor se gasta em média de R$ 90 a R$ 120, enquanto fatura de R$ 150 a R$ 170/ ton.

O lucro é praticamente zero se for por no papel os gastos principalmente com tecnologia de manejo e controle de pragas, comentou o produtor. Os mandiocultores brigam por um preço mínimo em R$ 0,55 a grama – a média hoje é de R$ 0,37/g. Há manifestações também em Umuarama e Paranavaí. O Noroeste é o principal polo produtor de mandioca do Paraná e possui mais de 80% das indústrias de processamento da raiz no estado, segundo a ABAM (Associação Brasileira dos Produtores de Mandioca).